A aldeia em pensamento; a que distância as casas mais próximas; a angustiada voz desperta; a rapariguinha, o prado adiante; pedrinhas da calçada a desinquietarem infância. - Vou a um outro dia, com pernas para a frescura. De deambular por fora, longe do meu canto, esqueci, há muito, a humilhação poética. Diluí-me em abraço, no povo, mais do que na letra. Evado-me de idear quanto me nega. Vou esquecer-me de emendar a fantasia; seguir ao rés da terra p’lo tisnado dia. - Desenrolando vou a acção obscura: O amanhã trará outra cor. - Cidade, teu cais, luzes, ruas, jardins, largos onde descansam olhos, claridade nítida para pequenos nadas, tais como fumo, água, café, que intervalam caminhadas, pesos, lutas e surpresas. Para lutar há não só praças, escolas, recintos, fábricas, casas cheias com memória, mas uma vontade grande de ver teu corpo limpo, crianças pisando-te despreocupadas, operários erguendo não já o que lhes pese. - Plantas dos pés assentes sobre este pedaço de terra, paisagem de anseio pacífico doutra esfera, os olhos desenham-me a variegada imagem sem guerra que num O se encerra. Chão, carpete ou azulejo? Chão dos dias vedados a trajectos ínvios de desejo. Estou inteiro e nu, suspenso da escrita possível, voo que a morte erguerá pra lá de mim. Aqui medito a condição humana e a estatura: Terra dura. Um som através esboça a ouvidos o cenário em papel: Desperto sonhar a música a me revelar. Deixo-vos recado: Nação estrangeira, pacífico bocado aqui vivi. Vou a outra margem. Não são horas de variáveis devaneios. Só uivos na noite que nos cobre. Memória sobre. - Emérito mui digno Monsieur Albeniz foi empurrado por um bandido, à Paris. Vi o filme das suas mãos, pombas que voavam: Paz, irmãos! E os insultos gelavam. Falava com as mãos, pombas que voavam: Solidariedade, irmãos! Quase o matavam. Era um colóquio importante para Monsieur Albeniz, que persistia no uso da palavra, à Paris. Logo inquietado, e interrompido, o certo porém é que Monsieur Albeniz falou, e bem, de paz e bem, à Paris. - Alados, nas antemanhãs, lembram a paz, a calamidade, a dor ou a redenção? Lêem o livro interminável. Umas mil vezes lêem, e relêem, para lá, o escrito. Porque lhes apraz estão de pé. Cada criança ferem com essa força que nasce coração.
A aldeia em pensamento;
ResponderEliminara que distância
as casas mais próximas;
a angustiada voz
desperta;
a rapariguinha,
o prado adiante;
pedrinhas da calçada
a desinquietarem infância.
-
Vou a um outro dia,
com pernas para a frescura.
De deambular por fora,
longe do meu canto,
esqueci, há muito,
a humilhação poética.
Diluí-me em abraço,
no povo, mais do que na letra.
Evado-me de idear
quanto me nega.
Vou esquecer-me
de emendar a fantasia;
seguir ao rés da terra
p’lo tisnado dia.
-
Desenrolando vou
a acção obscura:
O amanhã trará
outra cor.
-
Cidade, teu cais, luzes, ruas, jardins,
largos onde descansam olhos,
claridade nítida para pequenos nadas,
tais como fumo, água, café,
que intervalam caminhadas,
pesos, lutas e surpresas.
Para lutar há não só praças,
escolas, recintos, fábricas,
casas cheias com memória,
mas uma vontade grande de ver teu corpo limpo,
crianças pisando-te despreocupadas,
operários erguendo não já o que lhes pese.
-
Plantas dos pés assentes
sobre este pedaço de terra,
paisagem de anseio pacífico
doutra esfera,
os olhos desenham-me
a variegada imagem sem guerra
que num O se encerra.
Chão, carpete ou azulejo?
Chão dos dias vedados
a trajectos ínvios de desejo.
Estou inteiro e nu, suspenso da escrita possível,
voo que a morte erguerá pra lá de mim.
Aqui medito a condição humana e a estatura:
Terra dura.
Um som através esboça a ouvidos o cenário em papel:
Desperto sonhar a música a me revelar.
Deixo-vos recado:
Nação estrangeira, pacífico bocado aqui vivi.
Vou a outra margem.
Não são horas de variáveis devaneios.
Só uivos na noite que nos cobre.
Memória sobre.
-
Emérito mui digno Monsieur Albeniz
foi empurrado por um bandido, à Paris.
Vi o filme das suas mãos, pombas que voavam:
Paz, irmãos! E os insultos gelavam.
Falava com as mãos, pombas que voavam:
Solidariedade, irmãos! Quase o matavam.
Era um colóquio importante para Monsieur Albeniz,
que persistia no uso da palavra, à Paris.
Logo inquietado, e interrompido,
o certo porém é que Monsieur Albeniz
falou, e bem, de paz e bem, à Paris.
-
Alados, nas antemanhãs,
lembram a paz, a calamidade, a dor ou a redenção?
Lêem o livro interminável.
Umas mil vezes lêem, e relêem, para lá, o escrito.
Porque lhes apraz estão de pé.
Cada criança ferem com essa força que nasce coração.